18 dezembro 2007

Viagem no tempo (Praça Nova na Soncent)


Na semana passada aconteceu-me uma coisa engraçada. Recebi um sms que dizia assim “Oi …, bo ta lembrá d’mi? M’ mandá um msg pa bo Outlook. Um bijim. …”(1)
Claro que me lembrava… Viajei no tempo, voltei ao liceu, à minha adolescência. Tinha então menos que metade da idade que tenho agora. Ele fora o meu primeiro namoradinho (sorriso). Não durou muito tempo, depois cada um seguiu seu caminho, sua vida… Não passou de uns beijinhos inocentes, uns abraços meio desajeitados, a troca de alguns bilhetes, umas horitas na praça, a Praça Nova, lá em Soncent, onde íamos todos passear. Ai que saudades tenho daquela Praça, da minha adolescência, …
Como tinha-me encontrado? Soube onde eu estava, através de um antigo colega do liceu, durante uma viagem recente à Itália. Depois do regresso, num meio tão pequenino como o nosso, onde quase todo o mundo se conhece, não lhe foi difícil conseguir os meus contactos.
Respondi ao sms. Ligou-me, conversamos, um pouco sobre tudo, sobre nada em especial. Um desses dias, vamos tomar um cafezito. Vamos conversar certamente sobre aquele tempo esquecido, sobre a nossa adolescência, sobre a Praça Nova...
Aquela mesma Praça Nova onde, em criança, tantas vezes fiz a roda com outras menininhas da minha idade. Íamos todas arrumadinhas, vestidinho de saia rodada, sapatinhos pretos ou brancos (como os sapatos das bonecas de porcelana), meias de renda branca até os joelhos, tranças ou caracóis com fitas de cetim. Esperávamos ansiosas que a banda municipal (instalada no quiosque da praça) começasse a tocar e então, todas de mãos dadas, fazíamos uma enorme roda a dançar. E a praça, aquela praça, “a” praça, transformava-se num recanto mágico cheio de música, alegria e cores… Cheiros também, a pipocas acabadas de fazer e mancarra torrada (2) … Que saudades!!!

(1) “Oi …, lembras-te de mim? Mandei uma mensagem para o teu Outlook. Um beijo. …”
(2) Amendoim torrado

14 dezembro 2007

Essa sou eu




Essa sou eu. Sim, essa que está na foto! E hoje acordei assim, como na foto, pensativa, contemplativa, meio triste, um pouco abatida.
Há quase três semanas não venho cá ao meu cantinho por falta de tempo, por falta de palavras também. Há alturas assim. Parece que as palavras nos fogem e não conseguimos articular nada de jeito. Quando assim é não adianta insistir. Não insisti.
Mas hoje deu-me para voltar, ainda que com poucas palavras, sem nada de especial.
Andei por aí às voltas. De dia, entre o trabalho, os filhos, a casa, compras e compromissos sociais. De noite, na minha cama enorme, sem conseguir pregar olho. Às voltas entre a minha faceta feliz de mãe, meu lado de guerreira do dia-a-dia e o meu outro eu – um misto de menina travessa e mulher fatal, indomada, doce e selvagem. Xiiiiii, como essa última parte da frase soa mal!!! Decididamente, continua a não sair nada em condições.
Antes de continuar a escrever aqui, mesmo sendo este espaço meu e poder dar-me ao luxo de desbobinar aqui todos os disparates que me vêem à mente, tenho que me encontrar primeiro. Ando à deriva, perdida, algures no meio de um enorme vazio. Sei donde parti, sei muito bem onde quero chegar, só não descobri ainda como. Perdi a bússola. Logo à noite, vou seguir o conselho de um amigo muito querido, vou procurar Vénus, ela saberá como me orientar. Só espero não ser uma noite demasiado nebulada. Sim, porque com a onda negativa que me vem perseguindo de há uns tempos para cá, é quase que certo até as estrelas (e o planeta Vénus) se esconderem de mim.

29 novembro 2007

Cabo Verde subiu quatro lugares no ranking do IDH


“Cabo Verde subiu quatro lugares no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 2007/2008, ficando na 102ª posição entre 177 países”.
Essa noticia provoca em mim, e penso que em qualquer cabo-verdiano(a), um sentimento de satisfação (comedida) e, em certa medida, até orgulho. Em matéria do IDH, o índice passou de 0.709 em 2002 para 0.736 em 2007. Cabo Verde ocupa agora o 4º lugar no continente Africano e o 3º nos Países Africanos Sub-saharianos e, de entre os 84 países de Desenvolvimento Humano Médio, o nosso arquipélago ocupa o 31º lugar.
Apesar do progresso registado, muito esta ainda por fazer (ou melhorar) quer na área economica, quer na social. Nessa ultima, destacamos em particular a saúde, a educação (sem duvida a nossa maior riqueza), a segurança social, e a luta contra a pobreza. Vamos assim, todos, arregaçar as mangas e dar o nosso modesto contributo ao desenvolvimento do nosso querido pais.

Cartas ao meu amigo Negão (4) - Cumplicidade


Bom dia “X”,
Como estás? Melhor? Espero bem que sim.
É interessante como nos tornamos tão amigos sem nos conhecermos realmente.
Apenas nos vimos e falamos breves instantes durante aquela inauguração, no entanto, simpatizei contigo e fico contente ao perceber que essa simpatia foi recíproca. Foi tão bonito que até me senti à vontade em desabafar um pouco contigo.
Normalmente, sou bastante reservada e muito discreta em relação à minha vida pessoal. Ainda não percebi muito bem como comecei a abrir-me contigo.
Lembro-me que um dia estava bastante em baixo e enviaste-me uma foto muito bonita com duas rosas amarelas. Respondi a agradecer e disse-te que essas flores tinham alegrado meu dia, desde então… Praticamente todos os dias recebi e-mails teus perguntando como estava etc… E mesmo sem te contar nada, foste percebendo, aos poucos, que havia um problema realmente sério e grave. Por fim, um dia contei o que se estava a passar e a tua atenção foi ainda maior.
É interessante como já conto com os teus e-mails e vejo que também contas com os meus. Criamos uma amizade muito bonita e uma certa cumplicidade. É bom saber que estás do outro lado do PC ou da linha telefónica. É pena não ter um pouco mais de privacidade aqui no trabalho para falarmos um pouco mais. O prédio é muito antigo (e bonito) e as paredes parecem folhas de papel. Ninguém pode ter conversas discretas ou “secretas”.
Vou entrar numa reunião agora mas ela deve ser breve.
Um beijão para ti da tua amiga.

“Y”

28 novembro 2007

Ai ai vizinho


Ele estava deitado de costas apreciando o som que irradiava do rádio-despertador, bem cansado depois de um típico dia de cão no trabalho. Ainda por cima, era Segunda-feira. Olhou para o relógio, passava da meia-noite. Lá fora brilhava a Lua, linda, cheia, prontinha a dar a luz a mil estrelas, mas ele não conseguia ver nada daquilo da cama, apenas apercebia-se dos raios prateados por entre os cortinados.
Lembrou-se, meio irritado, da discussão que tivera com um colega por causa de uma banalidade qualquer. Decidiu deixar esse pensamento de lado e dormir uma noite descansada. Virou-se de lado. Veio-lhe a memoria a boca carnuda da Valquíria… Ela deixara nele marcas mais profundas do que estava disposto admitir. Ah, Valquíria… suspirou. Desligou o rádio e fechou os olhos. Aninhou-se no travesseiro e ficou assim quieto por uns minutos.
De repente, uma espécie de chiar. Outro e mais outro se seguiram. Era acompanhado de um batimento enervante. Não! Outra vez não! Logo agora que ia dormir. Que raiva lhe fazia o vizinho de cima. Rapaz jovem, bem sucedido com as mulheres, solteiro mas nunca só. Meu Deus, pensou. Não aguento isso, é demais! Já não basta estar aqui sozinho, abandonado pela Valquíria. O barulho continuou, a cama a chiar, gemidos mal abafados… Era demais.
Levantou-se, pegou no livro e foi para a sala. Acendeu o candeeiro, instalou-se confortavelmente no sofá. Começou a ler: “(…) No entanto, tinha-se sentado na sua cozinha, a meio da noite, com o cérebro cheio de homicídio; homicídio concreto, não do tipo metafórico. Ate levara uma faca de trinchar para o andar de cima e ficara, durante um minuto terrível, surdo, a olhar para o corpo da mulher adormecida. Depois afastara-se, dormira no quarto de hóspedes, na manha seguinte, fizera as malas e apanhara o primeiro avião para Nova Iorque, sem dar qualquer razão. O que acontecera estava para lá da razão. Precisava de por um oceano, pelo menos um oceano, entre ele e o que quase fizera”.(1)
Fechou os olhos. Como entendia o personagem… Que disparate! Deixou-se estar ali e adormeceu. Horas depois acordou com dores no pescoço. Levantou-se e foi para o quarto. Silêncio total. Agora sim, podia dormir.

(1) in: Fúria – Salman Rushdie

27 novembro 2007

Tão amorosos ........ Hahahahaha!

Cartas ao meu amigo Negao (3) - "Probleminhas"

Oi Meu Negão,
Não te preocupes, está tudo bem. Alguns “probleminhas” mas nada que não possa ser resolvido. Aliás, está a ser resolvido.
Passei por momentos menos bons e não posso dizer que tudo está às mil maravilhas mas sinto-me bem. Tive que tomar algumas decisões importantes e difíceis mas necessárias. Depois de tomadas é seguir em frente… É o que estou a fazer agora com muita energia positiva. E quando bate uma tristeza penso que melhores dias virão.
Beijocas.
Tua Baby
PS: Resposta enviada ao meu amigo Negão em resposta a uma carta dele em que se mostrava preocupado com o meu silencio que ja durava ha uns dias

As noites



Longas noites escuras em branco
Silencio ensurdecedor nas madrugadas sem fim
Prateadas carícias nas noites suaves de Lua cheia
E esta fria e triste solidão

26 novembro 2007

Uma (modesta) salva de palmas



Na semana passada assistimos, na nossa querida capital, a inauguração do “Plateau Digital”. A iniciativa visa transformar a Praça Alexandre Albuquerque - outrora ponto de convívio dos praienses, mas hoje um tanto esquecida, mal preservada e abandonada ao (quase) esquecimento - numa plataforma tecnológica de livre acesso a internet. A parte técnica foi executada pelo Núcleo Operacional de Sistemas de Informação (NOSI) e já é possível aceder a net em plena Praça Alexandre Herculano. No entanto, simultaneamente ao desenvolvimento da parte técnica, deveria ter sido executado um outro projecto (por uma empresa privada) visando a criação de uma área destinada a restauração e lazer, incluindo espaços infantis. Infelizmente, esse não foi realizado, pelo menos, não dentro dos timings previstos. Agora, qualquer cidadão (ou visitante), desde que munido de um portátil ou telemóvel de segunda geração pode, a partir da histórica praça do Plateau, aceder à Internet, consultar correio electrónico, comunicar através do MSN etc… Só há um pequeno problema… Vai faze-lo como? ou melhor onde? Visto a praça não dispor (ainda) de um espaço destinado ao efeito. Vai faze-lo a partir de um dos bancos, sem privacidade nem segurança? É inevitável levantar essa questão numa época em que assistimos a proliferação de “casu bodies” … Enfim! Esperemos que a segunda parte do projecto seja rapidamente concluída (iniciada?) e ai sim, poderemos dar uma verdadeira salva de palmas.

23 novembro 2007

Marcas


Queria ir a tua procura...
Usando aquele batom vermelho que tanto gostas...
Beijar-te, amar-te...
Deixar marcas de batom na tua pele...
Pedaços de mim em tua alma...

Cartas ao meu amigo Negão (2) - Mais ou menos...



Olá “X”,
Bom dia. Tenho pensado na nossa interessante troca de e-mails. Afinal, quase não nos conhecemos e no entanto apareceu essa "amizade (quase) virtual".
Acho que agora consigo perceber um pouco melhor as pessoas que fazem amigos através da Internet. Antes isso parecia-me muito frio, distante e impessoal. Também é verdade que é um pouco diferente porque nós nos conhecemos.
Quanto à tua forma de encarar a vida não poderia estar mais de acordo contigo. Eu também me considero uma pessoa "positiva". Perguntam-me muitas vezes como é que consigo estar sempre tão bem disposta. É simples, basta dar valor a tudo de bom que nos rodeia e, nos momentos menos bons, lembrar que há sempre tantas pessoas que estão muito piores do que nos. Não devemos ser ingratos com o que a vida nos dá de bom e maravilhoso.
Neste momento, estou a atravessar uma fase um pouco complicada e, por vezes, sinto-me um pouco "down".
Quando me perguntam como estou digo sempre "tud dred". Há dias dei uma resposta diferente "mais ou menos" (resposta tipicamente crioula) e a pessoa olhou para mim e disse "o que se passa?". É que esta resposta, vinda de mim, significa na realidade que está muito mais "menos" do que "mais". No entanto, sei que é tudo uma questão de tempo para voltar a recuperar a minha habitual alegria.
Um bom dia para ti.
“Y”

O Diário da Joana (4)


Cá estou, uma vez mais, de caneta na mão. Falei com Joaquim... foi horrível. Acabou. Vou mesmo avançar com o divórcio, se ele não colaborar vou para o litigioso. Estou a escrever na minha sala, no meu trabalho. Já são quase horas de ir para casa, para junto dos meus filhos. Sei que não vou lá encontrar o Joaquim. Perguntei-lhe se ia para casa cedo... Desta vez, vai (supostamente) tomar um copo com um amigo que fez anos. Sempre evita encarar os problemas de frente, prefere fugir. Talvez seja melhor assim. De qualquer forma não consigo falar com ele. Ou fica calado, deixando-me num triste monólogo, ou então, desata aos berros e começa a ofender-me com insultos do mais baixo que se possa imaginar.
Estou péssima. Hoje foi certamente um dos dias mais infelizes da minha vida – exceptuando aquele fatídico Domingo em que, indo contra os meus princípios, mexi nas coisas dele à procura da confirmação de tudo o que já sabia mas não queria ver. Eu precisava encontrar provas concretas para me convencer a mim mesma. Quem ama não vê aquilo que não quer ver. Eu vi, senti, e soube de tudo durante todo o tempo. Soube de todos os “casos” mas o meu amor pelo Joaquim era tão grande que não queria que aquilo fosse verdade. Para me proteger da realidade inventava desculpas ou tentava justificar os actos e comportamentos dele de mil e uma formas, tentando convencer-me que não havia “outras” para não sofrer ainda mais.
Mas eu não podia continuar assim e fui à procura de provas... encontrei-as sem grande dificuldade. Ele sabia que eu não mexia em nada dele e não fez esforço nenhum para esconder fosse o que fosse. Foi só abrir a gaveta da mesinha de cabeceira, outra da secretária, a carteira... Bilhetes, fotografias, cartas, dedicatórias... até uma peça de lingerie autografada encontrei!
Foi duro, muito duro. Dói muito e estou a sofrer como nunca pensei ser possível. Nunca imaginei sequer que um ser humano pudesse sentir-se tão ferido e magoado. Isso tudo aconteceu num Domingo. Na Segunda-feira seguinte fui ao Tribunal informar-me sobre como proceder para dar entrada a um processo de divórcio. Informei-me relativamente às duas situações possíveis: de comum acordo ou litigioso (caso ele não queira colaborar). Também trouxe de lá as minutas necessárias. Tenho plena consciência que vou sofrer demais e durante muito tempo porque, apesar de tudo, amo o Joaquim. No entanto, tendo em conta tudo que se passou e a atitude dele quando o confrontei com os factos, não me resta outra saída sensata. Não sei o que vai acontecer a partir de agora. Amo-o demais mas… há limites para tudo... eu cheguei ao meu!

22 novembro 2007

Falem...


Bem, pessoal (será que há mesmo “pessoal” por aqui?), tenho que decidir… continuar com isto ou não. Este blog é uma experiência, recente, muito recente, mas mesmo assim já tenho duvidas. É que isto só tem graça se consigo de alguma forma cativar a atenção das pessoas, só tem piada se houver interacção. Essa só existe se houver comentários, criticas, sugestões, dicas… A acreditar no “easy counter” o numero de visitas continua escasso… Aguardo, principalmente dos que não gostam do blog, que me digam com franqueza e frontalidade o que esta errado, de mais, de menos ou que simplesmente não esta bem.
Lembrei-me agora de um personagem de uma telenovela que vi há séculos, acho que andava na altura no Liceu (xiiiiii…… foi mesmo há muito tempo – lol). Ele dizia sempre: “Falem de mim, falem … falem mal, mas falem!”. Hahahaha, consigo ser tão tontinha quando quero…!!!

21 novembro 2007

Desastre ecológico


Uma noticia bem triste...
Olhando para eles apetece-me chorar!

"No passado Domingo, encalharam numa praia da ilha da Boa Vista 265 golfinhos, que acabaram por morrer apesar das tentativas das autoridades marítimas e de populares para os devolver ao mar. Segunda-feira, deu à costa mais um cardume, constituído por cerca de 70 exemplares. Ao largo da ilha está outro cardume de golfinhos, constituído por cerca de 400 exemplares que aparentam estar desorientados e que poderão também dar à costa.

Desconhecem-se, para já, as razões que levaram os golfinhos a dirigirem-se para as praias em tão grande número. Apesar de não haver, ainda, uma explicação plausível para o desastre ecológico, não é de descartar a hipótese de os animais, que seguem sempre um líder do cardume, terem perdido a orientação no alto mar, dirigindo-se para a proximidade da costa".

20 novembro 2007

Sinto-me leve...........


Sinto-me leve...
Como uma borboleta,
Sim, isso mesmo,
Sinto-me leve...
Desde que pude partir,
Desde aquele dia em que me ajudaste a levantar a ancora,
Desde o momento em que percebi,
Que não podia mais haver "tu em mim",
A partir do instante que entendi
Que seria, de agora em diante, "eu sem ti"
Parti essa corrente,
E agora sim...
Parti!

Branquinhos


Ontem à tarde, quando minha colega de sala chegou ficou a olhar para mim com cara de quem esperava da minha parte algum comentário ou acção. Apesar de ser normalmente bastante observadora, na altura não reparei, estava demasiado concentrada naquilo com que me ocupava. Passado um bom bocado, ela disse-me: “Então não reparaste que pintei os cabelos?”. Pedi desculpas pela minha distracção (glupp) e comentei que estava muito bem, que nem se notava que tinha sido pintado, com excepção do facto dos “branquinhos” agora estarem da mesma cor da restante cabeleira. Ela pareceu-me satisfeita com meu comentário. Virei de novo minha atenção para o monitor com o intuito de terminar o que estava a fazer. De novo minha colega: “Isto agora é muito complicado, já me disseram que quando se começa a pintar os brancos crescem mais depressa”.
Complicado? Não entendo. Se ela o pintou foi por vontade própria, para disfarçar os “branquinhos”. Se os brancos agora crescem mais depressa (não sei se é mesmo assim, mas vamos supor que sim) também não se vão notar, desde que a operação pintura seja repetida com a frequência necessária. Qual é então o problema? Complicado? Não entendo. Onde está a complicação disso?
Quando passamos de uma certa idade (hahahaha!!!) é mais do que normal esse fenómeno de aparecimento de branquinhos. Também tenho alguns, mas os meus têm outro nome, chamam-se “charme” (lol). Pinto-os, não porque ficaram brancos, mas porque gosto de, por vezes, mudar de visual e cor. Mas não “stresso” com isso.
Fiquei a pensar nessa conversa à noite. Não é a primeira vez que amigas ou conhecidas minhas têm esse tipo de desabafos (ou serão conversas?) comigo. Será assim tão difícil entender que se trata de um processo natural? Ou será que eu sou esquisita por não me preocupar com esse tipo de “problemas”? Se alguém por aqui for mais elucidado nessa matéria... Bem, é melhor ficar por aqui... antes de começar a dizer disparates (lol).

19 novembro 2007

Sua Majestade Orquidea


A minha flor preferida é a orquídea. Não sei porque motivos a elegi mas, ao longo dos anos, passei a admira-la cada vez mais. Não existe no mundo flor mais elegante que a orquídea. É uma flor bela, deslumbrante e de aroma forte e penetrante. É uma flor perfeita. Uma flor simplesmente espectacular.
A orquídea é detentora de uma beleza rara e cativante. Com o seu gracioso e exótico charme é muito sensual e feminina. Seu nome, no entanto, é de origem masculina. A palavra “orquídea” deriva do vocábulo grego “orkhis”, o qual significa testículo, isso porque as primeiras espécies conhecidas possuíam duas pequenas tuberas gémeas parecidas com testículos humanos.
Pergunto aos meus botões se a masculinidade do nome não terá também a ver com a força que ela representa. Embora também seja verdade que as mulheres são mais fortes que os homens. Mas… estou a desviar-me do assunto. É melhor voltar para Sua Majestade Orquídea e deixar essa “guerra dos sexos” para outra ocasião.
A orquidea é uma flor extremamente versátil. Existem mais de 25 mil espécies de orquídeas, sendo cada uma delas ainda mais graciosa e divinal que as outras. É uma das maiores e mais evolutivas famílias do reino vegetal.
A orquídea (sobre)vive nos mais diversos ambientes. É uma verdadeira lutadora e adapta-se ao frio, ao calor, a seca e a humidade. Sobrevive tanto em baixas como em altas altitudes.
As que crescem no solo são as chamadas orquídeas terrestres. Nas regiões tropicais e sub-tropicais, no entanto, predominam as espécies das florestas. Nesse habitat, a humidade atmosférica é elevadíssima. Os dias são quentes e as noites bem mais frescas. Na floresta, a maioria das orquídeas ocorre sobre as árvores e outros vegetais, vivendo de forma harmoniosa com outras famílias de plantas. São as chamadas orquídeas epífitas. Importa sublinhar que nenhuma orquídea é parasita; ela é demasiado digna para o ser! Apenas usam as árvores e outros vegetais agarrando-se a eles, agarrando-se a vida, sem deles nada tirar.
A orquídea, para além de formosa e cheirosa, é um verdadeiro exemplo de luta pela vida. Perseverante, consegue tirar tudo de quase nada. Em condições extremamente inóspitas, suportando o Sol escaldante durante o dia e aguentando a brusca baixa de temperatura durante a noite, a orquídea sobrevive até no deserto, lutando com todas as suas forças para sobreviver. E mesmo enquanto batalha contra as adversidades que a Natureza lhe impõe, encara-nos… bela, deslumbrante, altiva, orgulhosa e triunfante. Lança sobre nos o seu encanto, extasia-nos com seu perfume inebriante…
Por isso, … por tudo isso, ela só pode ser a Rainha de todas as flores, mãe de todas as cores e, necessariamente, madrinha de muitos amores.

17 novembro 2007

Cartas ao meu amigo Negão (1) - Um segredo...


Olá "X" (1) ,

Acabamos de falar ao telefone, como sempre, fez-me muito bem falar contigo. Infelizmente, aqui no trabalho temos um problema de privacidade. O edifício é antigo e muito bonito mas as paredes não dão privacidade nenhuma. Quando estou na minha sala ao telefone, ou mesmo quando recebo alguem no meu gabinete, o meu Chefe e a assistente dele (a minha sala fica entre as salas deles) ouvem tudo.
Sei que és muito amigo do "Z" (2) e que só não foste àquele jantar de solidariedade porque tinhas outros compromissos.
Perguntaste como estamos a atravessar esta fase. É uma fase muito complicada, aliás já o era mesmo antes dessa ida dele para outro país por razões profissionais. Algo me diz que posso confiar na tua discrição ... Infelizmente, estamos a separar-nos, depois de quase 20 anos de vida em comum. Quase ninguém sabe. No jantar, todos acharam uma pena sermos separados por razões profissionais, sem desconfiar que essas apenas vieram coincidir com uma decisão que já tinhamos tomado pessoalmente. É muito duro para nós e também para os meninos. Agora percebes porquê que tenho tido alguns momentos mais down. Tento reagir da forma mais positiva possivel porque a vida continua, mas ...
Um beijo e bom trabalho.

"Y" (3)

PS: não comentes com o "Z" porque para ele também está a ser difícil.

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(1) Nessa "carta" tratei-o pelo nome próprio, só mais tarde quando ficamos muito mais chegados passei a chamá-lo de "meu Negão"

(2) Meu ex (na altura ainda marido)

(3) Assinei com meu nome, só quando ele se tornou "meu Negão" passei a ser a "Baby" dele, conforme disse no post "Cartas ao meu amigo Negão - Introdução"

16 novembro 2007

Olá bloguistas!


“Olá bloguistas cabo-verdianos (e não só)” Esta saudação vem de alguém que chega humildemente a blogosfera crioula, após uma não muito longa reflexão se o deveria fazer ou não. Optei pela afirmativa e, a título experimental, lancei há poucos dias blackcherry68.blogspot.com. Trata-se de um desafio que lancei a mim mesma. Sei que é um blog com características e temas diferentes dos blogues crioulos que tenho visitado nos últimos tempos e, de entre os quais alguns não param de me surpreender sempre positivamente. O blackcherry68 é um cantinho onde pretendo partilhar um pouco de mim. Um cantinho onde posso deixar fluir os meus pensamentos, mesmo que estes sejam disparatados (lol). Um cantinho onde posso deixar tristezas e alegrias, … sobretudo alegrias. Um cantinho onde posso divagar e onde posso falar sobre as pequenas grandes maravilhas do dia-a-dia: o beijo de uma criança, um lindo pôr-do-sol, o perfume de uma flor, a doçura de uma lembrança, a magia de um olhar apaixonado...
É também um cantinho aberto a criticas e sugestões. Pensei para comigo “porque não ouvir, em primeiro lugar, aqueles que já navegam nessas águas há mais tempo?”. É isso mesmo, o meu apelo dirige-se especialmente aos bloguistas a quem solicito uma espreitadela critica e frontal. Desde já o meu “obrigada” pela vossa opinião.

Foi ha um ano


Foi há um ano, há precisamente um ano... Lembrava-se de cada detalhe como se tivesse sido há uma semana atrás. Levantou-se cedo e arranjou-se com muito cuidado, sempre o fazia, mas naquele dia caprichou. Ia encontrar-se com ele, queria estar linda, sentir-se bem, sentir-se segura, sempre ajudava a disfarçar um pouco o nervosismo. Ao lembrar-se dos preparativos sorriu. Estava eufórica, parecia uma teenager a caminho do first date com o primeiro namorado... novo sorriso. Estava na casa dos trinta, mais precisamente na segunda metade. Era uma mãe extremosa e feliz, uma mulher profissionalmente realizada, bem sucedida, sobrevivente de uma relação destroçada ao fim de quase duas décadas de vida em comum. Estava bem consigo mesmo, serena, tinha conseguido reaver a calma e paz de espírito que tanto estimava.Conhecera-o há relativamente pouco tempo mas simpatizou com ele à primeira. Foi mútuo, trocaram contactos, conversaram várias vezes, conversaram muito e, de cada vez que o faziam, perdiam completamente noção do tempo. Agora, um almoço a dois…Estava pronta, olhou-se ao espelho, tailleur preto, blusa branca com finas risquinhas em cinza, colar, anel, brincos, tudo cuidadosamente escolhido – prateado com pedras cinzentas. Sapatos pretos, ornamentados com uma flor de pétalas ornadas em branco e fitinhas de atar a volta dos tornozelos, saltos agulha, bem altos (como quase sempre). Cabelo solto pelos ombros, bastante encaracolado, castanho com reflexos acobreados, avermelhados. Maquilhagem suave com destaque para as pestanas alongadas com rímel preto. Olhou de novo seu reflexo, teve duvidas, estava tão formal... Mas afinal era dia de trabalho e não podia ir de outra forma. Lembrou-se que ele estava na mesma situação e deu um suspiro de alívio. Faltava um detalhe, batom. Voltou a casa de banho, tirou dois, um no tom dos lábios, natural, discreto, outro vermelho vivo... optou estrategicamente pelo segundo. Ninguém duvida da segurança de uma mulher que usa batom vermelho... sorriu quando essa ideia lhe passava pelo pensamento.Tinham combinado que ele a iria buscar ao trabalho por volta das 13h00. Avisou-a quando saiu do emprego para ir ao encontro dela, levaria uns 15 a 20 minutos. Já pertinho, entrou numa rua de sentido único, não poderia voltar atrás. Ligou a avisar que se atrasaria um pouco devido ao desvio que teria que fazer. – “Não! Encosta ai na esquina, é pertinho, eu vou lá ter”. Pegou na carteira e saiu. Estava um dia agradável, embora um pouco cinzento, típico fim de Verão ou princípio de Outono. Desceu a rua e virou a direita, começou a chuviscar. De novo o telemóvel – ”Não venhas, está a chover, eu dou a volta e vou-te buscar”. – “Não é preciso, já saí e estou a chegar”. Continuou a caminhar em direcção a esquina. Ele apareceu, de repente, de guarda-chuva na mão. Não podia acreditar, eram apenas alguns passos, que gentil, quanta delicadeza... Aquele gesto a tocou. Abriu-lhe a porta do carro. No carro cumprimentaram-se melhor, embora timidamente. Ele vinha muito elegante, fato cinza, camisa branca, gravata num tom mais escuro que o fato. Tinha um ar distinto, altivo até, mas ao mesmo tempo muito simpático. Era alto e gorduchinho, fazia lembrar um ursinho de peluche muito fofo, daqueles que dá vontade de apertar, de beliscar... Transmitia tranquilidade e boa disposição. Tinha um olhar bonito, penetrante, parecia que só olhando conseguiria ler seus pensamentos. A voz era muito sexy, grossa, falava pronunciando pausadamente cada palavra. A voz dele, aí aquela voz… arrepiou-se só de lembrar, lembrou-se de momentos mais íntimos, sussurros… Também ele estava nervoso, atrapalhou-se na condução, enganou-se no caminho. Quando chegaram ao restaurante ela não pode deixar de rir, riram-se os dois, tinham dado uma volta enorme para um percurso que poderia ter sido feito em menos que metade do tempo. O restaurante era simpático, típico, regional. Decoração rústica, de muito bom gosto. Era cliente assíduo da casa, amigo do dono. Depressa se apercebeu que era um verdadeiro apreciador de comes e bebes, um gourmet. Ele ouviu o Chefe, sugeriu, escolheu. Comportou-se como um verdadeiro anfitrião. O vinho foi escolhido após cuidadosa selecção na carta, era doce, uma delícia... Ao longo do almoço, conversaram sobre mil e uma coisas, sobre suas vidas, seus filhos, suas respectivas separações, sua forma de encarar a vida, seus projectos e anseios para o futuro. Ocasionalmente, a conversa era interrompida por silêncios cortantes e desconfortáveis. Nessas ocasiões, olhavam um para o outro a ver quem retomaria a conversa e ela sentia-se corar. Constrangedor! Não dá para disfarçar (nem mesmo usando batom vermelho). Ele gracejou e ela ficou ainda mais vermelha.Pegou-lhe na mão direita sob pretexto de melhor ver o anel, tinha uma enorme pedra cinzenta incrustada debaixo de um encruzilhado prateado que parecia uma cobra. Observou também a palma da sua mão. Elogiou suas mãos. Eram bonitas, muito finas, dedos compridos, unhas bem cuidadas, vermelhas, no mesmo tom que o batom. Ele tinha as mãos quentes, um pouco transpiradas, mãos pequenas, dedos curtos, gordinhos. Dedos delicados e suaves que arrancavam lindas melodias da guitarra estimada, dedos carinhosos, mágicos... Sentiu-se protegida enquanto ele segurava assim a sua mão, delicadamente, sentiu algo que na altura não soube interpretar (hoje sabe que sentiu que se podia entregar nas mãos dele que ele a saberia cuidar, com carinho, com amor…).A sobremesa foi escolhida a dois, junto do expositor, enquanto o chefe explicava como era confeccionada cada um daqueles pecados. Foi divinal. Depois, café, só um, ele não gosta. Antes de sair, uma surpresa, um presente, uma pequena caixa em madeira com uma paisagem em relevo, parecia um guarda-jóias trabalhado cuidadosamente, lá dentro três frasquinhos – flor de sal, mel de abelhas e amêndoas em mel. Adorou, ficou comovida, sem palavras, sem jeito... Não tinham visto o tempo passar, quando a deixou a porta do trabalho já era quase final do expediente. Ela flutuava, parecia que tinha sonhado, estava sonhando, estava verdadeiramente nas nuvens. Abriu o PC e ligou o Messenger que costuma estar quase sempre em stand-by no rodapé do monitor. Passado pouco tempo, ele (entretanto chegado ao trabalho) fez o mesmo, falaram-se, disseram o quanto tinham gostado do almoço e da companhia um do outro. Mudaram suas frases no Messenger: - “Uma num milhão” e - “A gentleman! Really!”

Foi há um ano, há precisamente um ano, e nesse dia ela soube que tinha encontrado sua alma gémea e que esse seria apenas o início de um lindo conto de amor.

O diário da Joana (3)


Mais uma conversa inútil... Tentei conversar com ele, sem resultado. Disse-me que o que eu queria era livrar-me dele (?!!) Desculpas, pretextos, para fugir. Ele sabe que o adoro e que o amo loucamente. Mas isso não é suficiente para continuarmos juntos. Estou muito magoada, com raiva e até ódio pelas coisas que ele me fez, mas mesmo assim, continuo a amá-lo como há 11 anos, talvez até mais. Afinal os anos todos que passamos juntos e os nossos maravilhosos filhos só reforçaram o meu sentimento por ele. Ele disse-me que a Jacinta foi “carnal”. Isso dói muito porque significa que o nosso amor não bastou e que o sexo não era o que ele queria. Não entendo! Ele sempre me pareceu feliz com a nossa relação. Sempre me disse que eu era tão... enfim, não interessa, já não interessa... Sera que ele fingia gostar? Sempre ouvi dizer que isso nos homens é complicado. Por outro lado, não me sai da cabeça que geralmente se procura fora o que falta em casa. Ele foi tão grosseiro nessa ultima discussão. Disse-me que ela era “boa na cama”. Será que me disse isso só para me magoar?
Depois, volta e meia vem com conversas de que tudo acabou entre eles. Posso até acreditar nisso, mas custa-me demais lembrar que algo se passou entre eles. Ele não me podia ter ferido mais. Feriu-me muito. Expôs-me a tanta humilhação e vergonha à frente de todos. Traiu-me com uma pessoa tão baixa (todos sabem que não passa de uma “pechinguinha”) e nem sequer tentou ser discreto para preservar a nossa família, os nossos filhos.
Quanto à Lúcia, não sei que pensar. Essa até liga para a nossa casa. Se sou eu a atender, desliga. A que ponto chegamos!!! Há dias estavam uns amigos em nossa casa. Ela ligou e eu atendi. Como sempre, desligou o telefone. Ele gozou com a minha cara, à frente de todos, dizendo que o nosso telefone é muito inteligente porque quando atende a pessoa errada a linha cai. Deu largas gargalhadas e desejei que o chão me engolisse. Não sei como suporto tudo isso. Logo eu que sempre soube o que queria. Não entendo. Mentira, entendo sim. Apesar de tudo sei o que estou a fazer. Faço-o pelos meus filhos. Amo-os demasiado para os separar do pai. Ensino-os a amá-lo, respeitá-lo, quero poupá-los, não precisam saber que tipo de pai têm.
Já falei muito, gritei, briguei, chorei. Ontem a noite fui dormir no outro quarto. Dormir não, passei a noite em claro, pensei muito, chorei ainda mais, decidi que a única solução é a separação. As traições dele não param, não vão parar nunca! Os meninos vão crescer e vão aperceber-se disso, não vai ser bom para eles. Não é bom para mim. Sim,... A única solução é separar-me. Separar-me por Amor. Meu por ele, porque não suporto mais essas facadas constantes. Também por amor aos meus filhos, principalmente por eles, porque merecem ter uma mãe feliz, uma mãe que sabe o que quer e que não tolera esse tipo de situações. Sim, é o melhor que faço, separar-me dele enquanto é tempo.

15 novembro 2007

O Diário da Joana (2)


Acabo de falar com ele. Mais uma conversa sem resultado, ele saiu... O meu filho mais velho foi brincar com um vizinho, a bebé dorme. Fiquei um bom tempo aqui na sala pensando. Pensando em nós e no que seremos amanhã um em relação ao outro. Tenho passados maus momentos nos últimos dois anos mas acho que serei capaz de ultrapassar esse enorme desgosto e refazer a minha vida. Há dias, até ele reconheceu que independentemente do que vier a acontecer, nunca mais seremos os mesmos de há onze anos... só posso concordar.
Ele traiu a minha confiança, desconfiou de mim sem motivo que o justificasse, para além das más-línguas daqueles que nos invejavam por sermos tão felizes um com o outro e termos um futuro tão bonito à nossa frente. Ai, as “bocas”. Um Zé-ninguém qualquer lança um boato: “acho que...”, um segundo já afirma e logo aparece mais um capaz até de jurar que viu e presenciou. Suporto as “bocas” do mundo, pois sei que surgem por cobiça e inveja, por ciúmes da felicidade que tínhamos juntos. No entanto, não consigo suportar a ideia de ele acreditar nos outros. Ele é a última pessoa no mundo que me pode acusar ou sequer desconfiar de mim. Nunca lhe dei motivos para tal. Magoa imenso a ideia de ele acreditar nos outros, magoa imenso a ideia de ele acreditar que seria capaz de o trair. Por outro lado, até entendo, ele traiu-me, deve pensar que sou igual. Será isso?
Ele traiu-me, várias vezes, muitas vezes. Encontrei provas da traição dele. Guardei-as como um trunfo que apenas utilizarei em última instância, como último recurso, se as coisas correrem mesmo muito mal. Afinal de contas, não tenho interesse nenhum em denegrir a imagem dele. A divulgação “daquilo” não me faria nenhum bem. Já basta todos saberem que ele me deixava em casa grávida e saia com aquela ordinária para se divertir à grande e à francesa. Nem sequer tentava ser discreto. Parava o carro à frente da casa dela durante o fim-de-semana, até nos dias de semana, até altas horas de madrugada. E enquanto os dois saíam, iam a restaurantes, discotecas e bares, eu cuidava sozinha da nossa casa e do nosso filho e tentava não perder o bebé que crescia dentro de mim. Era uma situação insuportável, intolerável. Ele não teve um pingo de respeito por mim, continua a não o ter. Tudo isso foi destruindo a nossa relação. O que nós tínhamos era raro e bonito. Não tenho receio em dizer que poucas pessoas conseguiram ser tão felizes como nós o fomos. E é disso que me quero recordar amanhã.
Ele está furioso comigo. Furioso porque mexi nas coisas dele, furioso porque encontrei o que procurava. Eu não queria invadir assim o espaço dele, apenas precisei tirar algumas dúvidas. Esta era a única forma de o fazer. Eu precisava ver com os meus olhos provas concretas para poder acreditar naquilo que já sabia há muito tempo. Precisava disso para mostrar a mim mesma que tínhamos chegado a um ponto sem retorno.

14 novembro 2007

O diário da Joana (1)


“O amor é eterno”. Quem foi que fez tal afirmação? Quantos já não acreditaram, quantos não acreditam agora? Eu mesma fui uma dessas inocentes que acreditam que de facto o amor é eterno. Infelizmente, não posso mais concordar com isso. Eu continuo a amar como sempre amei e talvez ate mais mas vejo que o meu amado não me ama mais. Após quase uma década de amor e mais de cinco anos de vida de casados, ele não me ama mais. Não sei como nem porquê mas parece que ele não tem sentimentos para mim, pelo menos positivos. As vezes penso que tudo o que ele sente por mim é desprezo e rejeição. E eu que sempre fui tão alegre e feliz sinto-me na pior apesar da imensa felicidade que meus filhos me dão. E é por eles que luto para não ir abaixo, é por eles que sou forte e quero viver e ser feliz.
O meu orgulho e a convicção de que os nossos problemas não são da conta de ninguém não me deixam desabafar com ninguém. Não iria suportar palpites nem sugestões sobre algo que só diz respeito a nós. Daí ter decidido – após alguma hesitação – escrever quando me sinto sufocada.
Amo tanto o meu marido, tanto que até doe. Mas ele é completamente indiferente a isso. Não entra na minha cabeça como ele mudou tanto. Ou será que eu é que me iludi esse tempo todo. Será que o que ele sentia por mim era apenas paixão? Será possível ele nunca me ter amado da forma como eu pensava?
É Sábado a noite, os meus filhos dormem e eu estou sozinha na sala tendo como companhia este diário e uma caneta para desabafar. Apetece-me chorar! Mas o quê que isso adianta? Não se pode obrigar ninguém a amar. Se ao menos houvesse amizade seria mais fácil viver esses momentos.
Não quero continuar vivendo assim – tão perto e tão distante. Como dois estranhos. Quando falamos é sobre banalidades, comentamos uma ou outra coisa do trabalho, sobre os programas da TV ou artigos nos jornais. Fazemos algumas contas, verificamos o que falta na dispensa, mas tudo de forma fria e distante.
Adoro os meus filhos e nunca queria que eles fossem educados sem a presença do pai que tanto amo. Mas, por outro lado, o ambiente em que vivemos não é saudável para eles. Não conseguimos comunicar um com o outro e na nossa incompreensão nos ofendemos e agredimos mutuamente. Estou muito magoada e ferida, não entendo o comportamento dele.
Há momentos em que não resisto à tentativa de, mais uma vez, tentar melhorar um pouco as coisas e então – mesmo sabendo de antemão a reacção dele – proponho uma saída para tomarmos um copo ou pergunto se ele volta cedo. Dói muito quando ele recusa e dói ainda mais quando ele ri da minha cara dizendo que não tenho nada a ver com a vida dele.
O que foi que eu fiz para merecer isso? Será que ele não sente como o amo? Será que não significo mesmo nada para ele? Ele deve ter uma amante. Tenho quase a certeza disso. Ele quase não para em casa, chega tarde e não fala comigo. Nem me lembro quando foi a última vez que ele olhou para mim com carinho.

11 novembro 2007

Cubinhos magicos (2)



(continuaçao)





Começo a acariciar teu falo com a minha língua. Adoras as sensações que te provocam as minhas lambidelas bem humidas e quentes. Lambo devagarinho de baixo para cima acariciando ao mesmo tempo teus testículos com as minhas mãos. Estas louco de vontade mas não te deixo (ainda) mudar de posição. Começo a chupar-te, primeiro a cabeça que mordisco suavemente, depois faço-o deslizar na minha boca até onde posso. Esta duro, enorme, sinto-o palpitar contra a minha língua. Pedes-me para parar, não queres vir já. Obedeço.

Ajudas-me a levantar e deitas-me sobre o sofá. Pegas na tua singlet e vendas-me com ela ... hummm! Oiço-te mexer no saco pequeno que trazias na mão, barulho de papel e depois plástico a rasgar... Estou muito curiosa, que será que estas a fazer? Debruças-te sobre mim e das-me um longo e delicioso beijo, daqueles que tiram a respiração. Seguras com as tuas mãos as minhas e puxas meus braços para cima da minha cabeça - "fica assim". Não me mexo. De novo oiço o plástico. Viras-te para mim. Não consigo ver nada com a venda mas adivinho teus movimentos pelos sons que oiço. Colocas tuas mãos sobre os meus seios, apertas meus mamilos entre teus dedos ... doi um pouco porque estão duros de tesão. Depois tuas mãos sobem, passando pelas minhas axilas, subindo pelos meus braços que continuam cruzados acima da minha cabeça. Agarras o meu pulso esquerdo, oiço um som estranho, depois sinto o frio do metal quando o passas pelo meu pulso ... algemas!!! Trouxeste algemas!!! Pegas agora na minha mão direita ... clic. Estou presa, a tua mercê. A ideia provoca em mim sensações loucas. Nua, deitada no sofa, vendada e algemada...

Afastas-te de mim sem fazer barulho, ficas quieto. Deixas-me assim por uns instantes. Tento adivinhar onde estas, que fazes, quero-te! Quero-te muito ... quero-te já. De repente uma mão sobre a minha barriga, desliza para baixo, acaricia meu pubis. Afastas minhas pernas ... "Abre-te! Abre-te para mim". Não me faço rogada. A mão desce um pouco mais e afasta os lábios já molhados de tanta excitação. Exploras com um dedo minha vagina quente ... O dedo entra, entra bem fundo. Metes mais um ... delicioso ... gemo ... "Abre-te toda agora". Coloco um pé sobre as costas do sofá e afasto o outro até onde julgo estar a mesinha da sala. Quase derrubo o balde de gelo com a garrafa de champagne. Sinto a tua respiração quente ao pé da minha gruta molhada de desejo. Sei o que vais fazer ... mal posso esperar.

Começas a lamber-me, primeiro devagarinho, depois mais depressa, a tua língua faz um pouco de pressão e entra toda em mim ... entra e sai, entra e sai... "hummmm...nao pares". Mas tu paras. Novamente teus dedos. Fazes movimentos circulares sobre o meu clitóris, alternando de vezes em quando introduzindo um, dois, tres dedos em mim. Gemo muito, sei que também estas muito excitado. Quero agarrar-te, não posso, estou algemada. Também não te vejo, apenas sinto o prazer que me das e tento adivinhar teus movimentos. Continuas a acariciar-me, apalpar-me, explorar-me enquanto te debruças sobre mim. Penso que me vais beijar na boca mas não o fazes. Tua boca vai de encontro aos meus seios, aproximas-te ... estremeço quando o gelo toca o meu mamilo. Nao sei como conseguiste tirar um cubinho de gelo do balde sem que te ouvisse. Seguras o gelo entre teus lábios ... sinto-o derreter sobre a minha pele quente. Fazes desenhos sobre mim ... não aguento mais ... O gelo a derreter sobre os meus seios, meu ventre ... desces ainda mais. Pegas outro cubinho porque o primeiro derreteu. Desta vez, seguras nele com a mão. Dou um grito e estremeço toda quando acaricias o meu clitóris com o gelo ... que sensação! Nunca experimentei nada igual ... nem parecido sequer... "quero-te, quero-te ja, vem ..."- suplico.

Atiras o que sobrou do gelo para o balde e tiras-me a venda. Olhas bem fundo nos meus olhos e perguntas "Que queres?" "Quero-te a ti, quero ter-te em mim" Teu sorriso é maroto, um pouco malicioso. "Tiras-me as algemas?" "Não, vais ficar assim". Sobes em cima de mim, sinto teu sexo erecto entre as minhas pernas, só o deixas encostar um pouco ... Beijas-me longamente. Depois seguras nele, olhas nos meus olhos e entras de uma só vez. Dou um grito. Estou toda molhada, melada, deslizas facilmente para fundo dentro de mim. Estas meio elevado sobre mim com as tuas mãos sobre o braço do sofá, uma de cada lado da minha cabeça e não tiras os olhos dos meus enquanto continuas num louco ritmo de vai-vem. Não me aguento, venho-me demoradamente ... Tu não paras e gritas "Vem, vem-te para mim ... Dá-me tudo...". Tenho outro orgasmo ainda mais intenso que o primeiro. "Tambem vou vir-me" dizes ofegante. "Sim ... vem, vem-te em mim". E tu vens-te olhando em meus olhos. Sinto os espasmos fortes dentro de mim, sinto teu leite quente jorrar... Deixas-te cair sobre mim. Estamos ambos ofegantes, exaustos, transpirados. "Tira-me as algemas agora". Obedeçes e posso finalmente abraçar-te.



(continua)

09 novembro 2007

Cubinhos magicos (1)


Passei boa parte do dia na praia. Estava um dia escaldante mas, mesmo assim, não resisti. Sempre que posso vou a praia, banho-me no mar e deixo o astro rei acariciar a minha pele morena. Uma vez em casa tomei um banho frio e hidratei minha pele com uma loção a base de leite de coco. Coloquei umas gotinhas de perfume atrás das orelhas, no decote e no interior dos pulsos. Visto um negligé branco e apanho meus caracóis num rabo-de-cavalo descontraído. Nos lábios apenas um pouco de batom transparente. Dispenso qualquer bijutaria.
Entretanto começa a escurecer. Acendo umas velas perfumadas e um agradável aroma a orquídeas invade a sala. Ponho um CD a tocar. Vou a cozinha verificar a temperatura do champagne … parece-me bem.
Dling dlong … És tu. Abro a porta. Oiço-te subir. Abro a porta do apartamento. Olhas para mim com aquele olhar … Estas com um ar maroto: jeans um pouco rotos e singlet branca. Estas sexy! Beijamo-nos longamente. Puxo-te para dentro do apartamento e fecho a porta, afinal não queremos os vizinhos a observar-nos. Quero ir a cozinha buscar as flutas, o champagne, a taça de morangos e o chantilly (desta vez comprei daqueles de pressão porque não tive tempo de fazer eu mesma). Quero ir mas tu não deixas. O CD toca agora uma faixa muito sensual. Puxas-me para a sala e para junto de ti. Começas a dançar e eu acompanho os teus passos, flutuando, voando. Adoro dançar. Sinto a minha pele muito quente do Sol que apanhei na praia, quente também do calor que irradia do teu corpo apertado contra o meu. Beijas-me ardentemente. O calor aumenta, retribuo teu beijo, deixo-me ir… Sinto-me flutuar como se estivesse de novo deitada de costas nas ondas do mar, como poucas horas antes. De olhos fechados, então, por causa da intensidade dos raios solares; de olhos fechados, agora, para melhor te degustar. Sim, degustar. Vais ser o meu banquete e eu serei o teu… Pensar nisso aumenta meu desejo, minha vontade… O CD parou, peço-te para colocar outro e aproveito para ir a cozinha. Rapidamente volto com o champagne dentro de um balde de gelo, os morangos, o chantilly. Pareces gostar do que vês. Esta muito calor e apagas algumas das velas. Viras-te para mim e agarras-me pela cintura. Com os dentes fazes deslizar o negligé pelos meus ombros… esse gesto excita-me ainda mais. Ajudo-te a tirar o singlet. Ajoelho-me e desaperto o teu cinto. Abro com os dentes os botões das tuas calcas, enquanto percorro com as minhas mãos as tuas costas musculadas. Tentas descalçar com a ajuda de um pé o outro. Puxo tuas calças para baixo. Minhas mãos exploram agora o teu peito, tua barriga, descem…uma delas desliza para dentro dos teus boxers…Agarro-o com firmeza, olho para ti…teu rosto transpira desejo, teus olhos brilham excitados…hummm…Adoras as carícias que te faço e delicias-te com a visão de mim, nua, ajoelhada a teus pés….vês os meus lábios gulosos e lembras-te de como foi da ultima vez…
(continua)

08 novembro 2007

Cartas ao meu amigo Negão – Introdução


Num momento complicado da minha vida descobri um amigão – o meu amigo Negão. Estava em plena crise matrimonial, numa encruzilhada, tinha que decidir se continuava a alimentar a (já fracassada) tentativa de reconciliação ou se iria acabar de vez com a farsa que me fazia cada dia mais infeliz.

A minha amizade com o “meu amigo Negão” começou numa Quinta-feira, de manha, quando abri a minha caixa de correio. Chamou a minha atenção o remetente de uma das mensagens. Conhecia-o há já algum tempo, fomos apresentados pelo meu "ex" (na altura ainda marido) durante um evento de carácter socio-cultural. Simpatizamos um com o outro, mas nada que passasse da troca de postais electrónicos por ocasião do Natal. Naquela manha, no entanto, sem nenhum motivo especial, recebi aquele e-mail. Abri-o curiosa. Eram duas rosas amarelas. As ultimas semanas tinham sido bastante complicadas e emocionalmente desgastantes. Aquele gesto tocou-me, não podia ficar indiferente e respondi “Olá …, obrigada pelas lindas rosas. Hoje estou um pouco down e elas alegraram meu dia”. Passados poucos minutos, recebi a seguinte reacçao “(…) Quando quiseres e precisares de um ombro amigo, liga que os amigos são para isso”. Não liguei.

Poucos dias depois, recebi uma chamada. Embora não tivéssemos conversado muito, foi um momento bastante agradável. Passamos a trocar e-mails e a falar-nos ao telefone regularmente, quase diariamente. Tornamo-nos amigos, muito amigos. E a medida que a amizade crescia também aumentava a confiança mútua. Ele tornou-se "o meu Negao" e eu a "Baby" dele. Vivemos longe um do outro e quase nunca nos encontramos, dai termos eleito como meio de comunicação a troca de cartas (enviadas via electrónica, claro). Pretendo partilhar algumas delas aqui neste espaço sob o título de “Cartas ao meu amigo Negão”.

07 novembro 2007

Meu doce Mar


Mar, ... lindo Mar
Eterno amigo, amante fiel
Ausência de fel

Mar, ... Mar salgado
Tão amado
Ondulado, nunca parado

Mar, ... imenso Mar
Onde estou bem
Sei que posso ir muito além

Mar, ... padrinho da minha paixão
À tua beira ... que tesão!!
Sob o luar, ... amar, amar ...

Mar, ... sempre ali
Braços abertos para mim
Quando a paixão acaba
És tu Mar que me abraças
Murmurando doces palavras

Mar, meu Mar amigo
Sempre que quero posso estar contigo
Enxugas minhas lágrimas
Apagas minhas mágoas

Mar, vou sempre te amar
Meu Mar, meu doce Mar

Amo-te tanto


Amo-te tanto...
Em vão!Amor condenado, atraiçoado
Amo-te tanto...
Coração mutilado, esfaqueado
Amo-te tanto...
Não há espaço para mim na tua vida
Como posso sarar essa ferida
Amo-te tanto...
Acabou!
Sofro calada, abandonada
Que fui eu para ti?
Amo-te tanto...
Duvidas, magoas, tristeza
Que é feito da beleza do nosso (falso) amor
Amo-te tanto...
Alimentaste sonhos, iludiste-me e partiste
Amo-te tanto...
que não te consigo odiar
Amo-te tanto...
E para sempre vou amar

06 novembro 2007

O Diário da Joana – Introdução



A Joana era uma mocinha jovem, feliz e muito romântica quando conheceu Joaquim. Ele era um pouco mais velho e muito mais experiente. Quando se conheceram ele estava bem integrado no meio académico e ela dava seus primeiros passos como universitária. Era uma caloirinha divertida apesar das saudades de casa e de estar numa cidade longínqua onde, inicialmente, não conhecia ninguém. Mesmo assim, depressa se adaptou. Sua simpatia e alegria contagiante conquistaram um interessante grupo de amigos(as). Por outro lado, estava entusiasmadíssima com o curso que iria fazer. Fora sempre uma excelente aluna e gostava de estudar. Conseguiu equilibrar de forma sensata os estudos, o convívio sempre animado e divertido com colegas e amigos(as) e o namoro que cedo iniciou com Joaquim.
Os anos que passou na Universidade foram maravilhosos. Ela e Joaquim fizeram planos para o futuro e, quando concluíram os estudos, estavam ansiosos para iniciar uma nova etapa de vida. Casaram, tiveram um filho e poucos anos depois mais um. Eram felizes, muito felizes. Estavam apaixonados. Tinham a vida toda pela frente para viverem essa felicidade e conquistarem o mundo. Todavia, não foi isso que aconteceu.
Depois de muitos anos de amor e felicidade, as coisas começaram a mudar. Joana não queria ver o que estava a acontecer. Também não queria que ninguém soubesse o que se estava a passar. Escondeu sua mágoa e dor de tudo e de todos. Fechou-se. Sofreu imenso mas sem nunca o mostrar. Não se abria com ninguém. Sufocava, sentia-se morrer aos poucos por dentro. Por fora, no entanto, parecia a mesma Joana, sempre pronta a ajudar quem dela precisasse, sempre com um sorriso estampado no rosto. Joana sabia que não podia continuar assim, sabia que tinha que tomar uma atitude, pelo menos desabafar. Mas não podia, ou melhor, não queria, falar com ninguém sobre tamanha desilusão. Decidiu então escrever suas mágoas e fez um diário. Esse diário foi seu fiel confidente durante quase dois anos. Entregou-me excertos do mesmo, autorizando que aqui os publicasse. É essa história que vou aqui deixar sob o título de “O diário da Joana”.
Antes de concluir esta breve introdução, quero sublinhar o seguinte: Embora, a primeira vista, possa parecer uma história triste (poderão constatar isso quando começar a publicar os excertos do diário) é na verdade uma história de final feliz. É uma historia de coragem e determinação. É uma mensagem de esperança a todos quantos estejam a passar uma fase complicada em suas vidas. Joana arregaçou as mangas, foi a luta, deu a volta por cima e é hoje uma mulher muito feliz.

Tao orgasmico


O sangue fervilha em minhas veias
ao ritmo de ousadas carícias das tuas mãos
Teus dedos percorrem minha pele
provocando arrepios
Tuas unhas despertam em mim sensações maravilhosas, deliciosas...

Quero me entregar, quero te possuir!
Deliro ao sabor da língua que enterras faminto entre meus lábios melados e quentes
Todo o meu corpo estremece quando rasgando penetras fundo em mim

Galopamos juntos e ferozes
nossos corpos suados se entregam loucamente
até explodires em mim e eu sobre ti
nesse momento vulcânico nossos fluidos se misturam - é fantástico, tão orgásmico...

De repente, uma sensação de vazio. Acordei!
Afinal ... não passou de um sonho

Simplesmente...prazer!


Quando estou contigo invade-me uma forte vontade carnal.
Não controlo esse desejo animal.
E quando nos entregámos à luxúria e ao prazer...
Beijar, acariciar, mordiscar, lamber...
Gemer, tremer, delirar,
Implorar por mais, muito mais
Não!!!... Parar não!
Continuar até a exaustão
Atingir a erupção, como um vulcão
e depois adormecer, juntos amanhecer
Isso tudo é simplesmente ... PRAZER!!!

05 novembro 2007

Agora sim, posso partir!



Agora sim, posso partir! Posso virar essa página e começar de novo, posso seguir em frente ou, pelo menos, parar de chorar quando olho para trás. Os rompimentos causam sempre muita dor e esta aumenta ainda mais quando não sabemos o que realmente se passou, o que aconteceu, porque terminou. As dúvidas, as incertezas, a falta de diálogo, complicam demasiado a situação de quem já sofre a dor de ter perdido um grande amor. Pior ainda que perder um amor eh duvidar dele algum dia ter existido. Vivi um grande e belo amor e sofri imenso quando tudo acabou. Não tenho vergonha nenhuma em assumir isso e repetiria tudo se pudesse voltar a viver o mesmo período da minha vida novamente. Foi um namoro lindo, intenso, quase perfeito. Só durou 6 meses mas deixou profundas marcas em mim, na minha vida. Acabou há mais tempo do que durou o namoro em si. Ainda dói, mas hoje entendo o que se passou, o porque de tudo ter terminado, o ter terminado assim. Entender isso aliviou meu coração, tirou-me um peso de cima. Mudanças drásticas na minha vida atiraram-me, recentemente, para um abismo donde não sabia como sair. Passei as ultimas semanas pensando, relembrando cada detalhe, revivendo cada momento………ai como isso me fez tão mal! Mergulhei em profundos rios de lágrimas quentes, vertidas em gelidos lençóis, na imensidão da minha cama tão vazia, no silêncio nocturno do meu quarto...Mas hoje tudo mudou quando vi minha estrela brilhar no fundo do túnel. Finalmente, entendi tudo, acabaram-se as dúvidas. As peças encaixaram e não mais vou ter que adivinhar onde colocar cada uma delas. Percebi. Entendi. Ficou tudo esclarecido – finalmente!!! O pesadelo da ignorância chegou ao fim. Sinto-me tranquila, serena, em Paz. Feliz pelo que vi e compreendi. Posso agora levantar a ancora e seguir meu rumo, guiada por Vénus, minha cúmplice, nesse lindo céu tropical. Não sei o que o futuro me reserva, nem quero sabe-lo, a graça da vida esta nas surpresas (boas) que ela nos da. Mas uma coisa eu sei – posso agora virar a pagina e recordar com muito carinho e sem magoa uma pessoa que guardarei para sempre num cantinho muito especial do meu coração.

Entre ilhas



Estava no salão do ferry ouvindo musica no MP3 que a acompanhava para todo o lado, todos dormiam, embalados pelo balançar do Mar. Sentiu-se chamada pela Lua, pelas estrelas, pelo Mar. Levantou-se, saiu do salão, debruçou-se sobre o bordo do navio. Era noite, havia magia no ar... encanto no Mar. As ondas abriam-se graciosamente deixando passar a embarcação no seu percurso por entre as ilhas quentes, tropicais e magicas. Ilhas cheias de mistérios, ilhas míticas... sempre o soube, naquela noite sentiu-o, ilhas magicas... sim, sem duvida, ilhas com um poder magnético sobre suas gentes, ilhas ligadas entre si por um Mar também ele cheio de mistérios e fantasias, onde tudo era possível e os sonhos se concretizavam...O céu parecia estar tão pertinho, parecia que poderia agarrar as estrelas se esticasse um pouco os braços, parecia que podia tocar aquela Lua prateada, tão linda sobre o Mar. Era tudo tão bonito, tão perfeito. As estrelas brilhavam intensamente, eram tantas ... tantas ... e lá estava Vénus, a sua estrela (que na verdade nem estrela e mas não importa), lá estava Vénus, olhando para ela, zelando por ela ...Lembrou-se dele, dos momentos passados juntos, dos poemas, da voz, do olhar, das mãos carinhosas, dos beijos ardentes, do Amor, da despedida ... ah!!! … a despedida ... e rolaram pérolas dos seus olhos para dentro das ondas do Mar. Não! Não estava triste, chorava porque tinha sido tudo tão belo, tão intenso, tão sentido ... Chorava porque naquele momento sentiu-se um só com o Mar, com o céu, com as estrelas, com a Lua. Ela era um pedacinho daquela magia. As pérolas que rolaram dos seus olhos transformaram-se numa linda sereia ao tocarem a espuma branca das ondas do Mar. A sereia foi guiada ate as profundezas do Oceano por tartarugas e peixinhos que pareciam pequenos lampiões. Tudo brilhava, tudo era luz e calor, tudo era música e Amor. E lá no fundo do Mar estava Neptuno, com as feições do seu Amor, a mesma voz, as mesmas mãos suaves que tantas vezes tocaram sua alma. E ela chorou, feliz, porque sabia que aquele lindo Amor iria perdurar para sempre no recanto mais bonito e mágico do Mundo, ali, no fundo do Mar, entre as ilhas magicas amadas do fundo do seu coração.