28 abril 2008

Cartas ao meu amigo Negão (6) - Um FDS de cão...


Oi “X”

O meu FDS foi um bocado cansativo porque tive uma Sexta-feira de cão (não dá para utilizar o feminino da palavra).
Depois de ter deixado os meninos na escola, vim trabalhar (bem cedo) e sai ao meio-dia para assistir uma Conferência, na Fundação etc e tal. Foi uma conferência muito boa e também apreciei a intervenção do ilustre “ZZZ” que assumiu, de forma descomplexada, os erros cometidos por Portugal na colonização e descolonização dos PALOP.
Voltei para o trabalho onde tive um momento muito agradável – a nossa conversa!
Depois das reuniões maçudas, fui disparada buscar os meninos e levei-os para casa. Tomei um banho a correr e preparei-me para a recepção oficial de que te falei Os miúdos ficaram com meu (quase-ex) enteado que é um amor de rapaz e com quem me dou muito bem.
Depois da recepção, mais um frete – o tal jantar…– aí levei os meninos porque iam estar mais crianças presentes. O jantar até que foi agradável mas eu estava completamente KO. Felizmente nem todos os dias são assim!!! Com excepção do nosso telefonema foi um dia para esquecer.
Sábado e Domingo não fiz nada de especial. Compras, as lidas da casa, etc. Levei os meninos ao parque com os skates para gastarem um bocado de energia mas o tempo não estava muito agradável. E retomei um hábito “antigo”- ler um bocado antes de dormir. Gosto muito de ler mas não tenho muito tempo para isso. Agora decidi passar a ler novamente, sempre é mais útil e agradável do que ficar deitada a pensar em sabe-se lá o quê.
Durante o FDS tive muitas saudades dos nossos e-mails. Acho que ganhei um novo vício…
E o teu FDS como foi? Já sei que não gostas de falar de ti mas se quiseres partilhar comigo…
Um beijo.
“Y”

21 abril 2008

Cartas ao meu amigo Negão (5) - Não sou sempre "certinha"


Bom dia "X"
Nem sabes como concordo contigo quando dizes que é bom sermos tontinhos de vez em quando e melhor ainda não sermos tão certinhos.
Nos últimos meses aprendi a não ser sempre "certinha" e a "não fazer escândalo". É claro que não fiz nenhuma "peixeirada" mas assumí, abertamente, o meu desagrado ao invés de fingir "não ver" ou "não saber"para não ficar mal.
Da primeira vez, foi em casa de amigos. Éramos convidados numa festinha de anos e uma "senhora" muito certinha e religiosa (vai à missa todos os dias às sete da manhã), que eu sabia (não desconfiava mas sabia mesmo!) ser mais do que "só amiga", dirigiu-se para mim para me cumprimentar com dois beijinhos. Não hesitei, desviei a cara e ela beijou o ar. Imagina a cena, numa sala cheia de gente conhecida. Ela nem sabia onde se havia de esconder porque percebeu que eu sabia de tudo e ele ficou pior que estragado. Não me senti particularmente feliz mas gostei de ter tido coragem de o fazer.
Mais recentemente, telefonei para outra "amiga" e disse-lhe com todas as letras o que pensava sobre ela. É uma pessoa que ajudei quando precisava. Passou sérias dificuldades e consegui que fosse seleccionada para trabalhar na minha empresa (tinha perfil para a vaga existente). Trabalhou uns meses comigo como estagiária e posteriormente, após parecer favorável dado por mim, foi contratada. Agradeceu-me de forma muito original ... acho que consegues imaginar o resto.
É claro que quando ajudo alguém não pretendo nada em troca. E também é óbvio que quando surgem "casos" a culpa não é só de um(a). E eu sempre defendi (e defendo ainda) que quando há problemas entre um casal eles devem ser falados, discutidos, resolvidos apenas entre os dois. Nenhuma das partes se deve dirigir ao "terceiro". No entanto, nesse caso concreto, essa "terceira" pessoa não era uma estranha. Senti-me duplamente traída - e isso dói muito! Não me orgulho da atitude que tive mas também não me arrependo e mais, confesso que me senti muito aliviada depois de lhe ter dito o que pensava sobre ela.
"X" não gostaria que interpretasses esse desabafo como uma "queixa" que estou a fazer do teu amigo. Aliás, se há uma pessoa de quem nunca falarei mal é certamente ele. Houve coisas muito graves e muito feias que se passaram entre nós mas que não dizem respeito a mais ninguém. E em momento nenhum vou negar que ele foi a pessoa mais importante da minha vida (com excepção dos meus fofinhos claro). Aliás, de certa forma continua sendo porque é o pai dos meus filhotes. No que depender de mim ele vai participar o máximo possível em tudo o que diz respeito aos meninos. Eles adoram o pai e quero que isto continue assim. Estou a tentar transformar o que ainda sinto por ele em apenas amizade. Oficialmente já o fiz e digo que consegui, mas bem no fundo não é verdade. É apenas mais fácil adoptar essa postura. E é bom poder confessar-te esse meu "segredinho". Desabafar e partilhar os nossos pensamentos (ainda que de forma um pouco baralhada) é tão bom e só nos faz bem.
Obrigado por existires e poder compartilhar contigo esses momentos um pouco complicados da minha vida.
Um beijo.
"Y"