14 novembro 2007

O diário da Joana (1)


“O amor é eterno”. Quem foi que fez tal afirmação? Quantos já não acreditaram, quantos não acreditam agora? Eu mesma fui uma dessas inocentes que acreditam que de facto o amor é eterno. Infelizmente, não posso mais concordar com isso. Eu continuo a amar como sempre amei e talvez ate mais mas vejo que o meu amado não me ama mais. Após quase uma década de amor e mais de cinco anos de vida de casados, ele não me ama mais. Não sei como nem porquê mas parece que ele não tem sentimentos para mim, pelo menos positivos. As vezes penso que tudo o que ele sente por mim é desprezo e rejeição. E eu que sempre fui tão alegre e feliz sinto-me na pior apesar da imensa felicidade que meus filhos me dão. E é por eles que luto para não ir abaixo, é por eles que sou forte e quero viver e ser feliz.
O meu orgulho e a convicção de que os nossos problemas não são da conta de ninguém não me deixam desabafar com ninguém. Não iria suportar palpites nem sugestões sobre algo que só diz respeito a nós. Daí ter decidido – após alguma hesitação – escrever quando me sinto sufocada.
Amo tanto o meu marido, tanto que até doe. Mas ele é completamente indiferente a isso. Não entra na minha cabeça como ele mudou tanto. Ou será que eu é que me iludi esse tempo todo. Será que o que ele sentia por mim era apenas paixão? Será possível ele nunca me ter amado da forma como eu pensava?
É Sábado a noite, os meus filhos dormem e eu estou sozinha na sala tendo como companhia este diário e uma caneta para desabafar. Apetece-me chorar! Mas o quê que isso adianta? Não se pode obrigar ninguém a amar. Se ao menos houvesse amizade seria mais fácil viver esses momentos.
Não quero continuar vivendo assim – tão perto e tão distante. Como dois estranhos. Quando falamos é sobre banalidades, comentamos uma ou outra coisa do trabalho, sobre os programas da TV ou artigos nos jornais. Fazemos algumas contas, verificamos o que falta na dispensa, mas tudo de forma fria e distante.
Adoro os meus filhos e nunca queria que eles fossem educados sem a presença do pai que tanto amo. Mas, por outro lado, o ambiente em que vivemos não é saudável para eles. Não conseguimos comunicar um com o outro e na nossa incompreensão nos ofendemos e agredimos mutuamente. Estou muito magoada e ferida, não entendo o comportamento dele.
Há momentos em que não resisto à tentativa de, mais uma vez, tentar melhorar um pouco as coisas e então – mesmo sabendo de antemão a reacção dele – proponho uma saída para tomarmos um copo ou pergunto se ele volta cedo. Dói muito quando ele recusa e dói ainda mais quando ele ri da minha cara dizendo que não tenho nada a ver com a vida dele.
O que foi que eu fiz para merecer isso? Será que ele não sente como o amo? Será que não significo mesmo nada para ele? Ele deve ter uma amante. Tenho quase a certeza disso. Ele quase não para em casa, chega tarde e não fala comigo. Nem me lembro quando foi a última vez que ele olhou para mim com carinho.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi baby, tudo bem?
Lendo o teu diário fico triste de ver que fiz tão pouco e que podia ser uma mais valia na tua vida.
o amor de facto é eterno e hoje tenho certeza que acreditas tb que o é.
Bjs do teu "Negão".

Black Cherry disse...

Oi Negão,
O diário não é meu, apenas publico aqui extractos, devidamente autorizada pela autora do mesmo. Não precisas ficar triste pela Joana, ela escreveu este diário há mais de 10 anos e os problemas de que ela fala foram completamente ultrapassados. Ela refez a sua vida e e hoje uma mulher feliz. Quanto ao "Amor eterno"...não sei o que a Joana pensa sobre isso actualmente, mas eu ainda acredito nele, apesar de tudo, e não desisto de acreditar que ainda vou encontrar o meu.
Um beijão da tua Baby

Anônimo disse...

Oi Baby, pensei que eras tú pela coincidencia de alguns factos.
Ainda bem para ti e para Joana.
Seja quem for ela, é uma guerreira e por isso merece o meu respeito e admiração.
Bjs do teu "NEGÃO"