23 novembro 2007

O Diário da Joana (4)


Cá estou, uma vez mais, de caneta na mão. Falei com Joaquim... foi horrível. Acabou. Vou mesmo avançar com o divórcio, se ele não colaborar vou para o litigioso. Estou a escrever na minha sala, no meu trabalho. Já são quase horas de ir para casa, para junto dos meus filhos. Sei que não vou lá encontrar o Joaquim. Perguntei-lhe se ia para casa cedo... Desta vez, vai (supostamente) tomar um copo com um amigo que fez anos. Sempre evita encarar os problemas de frente, prefere fugir. Talvez seja melhor assim. De qualquer forma não consigo falar com ele. Ou fica calado, deixando-me num triste monólogo, ou então, desata aos berros e começa a ofender-me com insultos do mais baixo que se possa imaginar.
Estou péssima. Hoje foi certamente um dos dias mais infelizes da minha vida – exceptuando aquele fatídico Domingo em que, indo contra os meus princípios, mexi nas coisas dele à procura da confirmação de tudo o que já sabia mas não queria ver. Eu precisava encontrar provas concretas para me convencer a mim mesma. Quem ama não vê aquilo que não quer ver. Eu vi, senti, e soube de tudo durante todo o tempo. Soube de todos os “casos” mas o meu amor pelo Joaquim era tão grande que não queria que aquilo fosse verdade. Para me proteger da realidade inventava desculpas ou tentava justificar os actos e comportamentos dele de mil e uma formas, tentando convencer-me que não havia “outras” para não sofrer ainda mais.
Mas eu não podia continuar assim e fui à procura de provas... encontrei-as sem grande dificuldade. Ele sabia que eu não mexia em nada dele e não fez esforço nenhum para esconder fosse o que fosse. Foi só abrir a gaveta da mesinha de cabeceira, outra da secretária, a carteira... Bilhetes, fotografias, cartas, dedicatórias... até uma peça de lingerie autografada encontrei!
Foi duro, muito duro. Dói muito e estou a sofrer como nunca pensei ser possível. Nunca imaginei sequer que um ser humano pudesse sentir-se tão ferido e magoado. Isso tudo aconteceu num Domingo. Na Segunda-feira seguinte fui ao Tribunal informar-me sobre como proceder para dar entrada a um processo de divórcio. Informei-me relativamente às duas situações possíveis: de comum acordo ou litigioso (caso ele não queira colaborar). Também trouxe de lá as minutas necessárias. Tenho plena consciência que vou sofrer demais e durante muito tempo porque, apesar de tudo, amo o Joaquim. No entanto, tendo em conta tudo que se passou e a atitude dele quando o confrontei com os factos, não me resta outra saída sensata. Não sei o que vai acontecer a partir de agora. Amo-o demais mas… há limites para tudo... eu cheguei ao meu!

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